Maduro acusa EUA de fabricarem "realidade virtual" para roubar a Venezuela
Caracas insiste que os seus recursos lhe pertencem e Maduro reiterou na sexta-feira o seu apelo ao diálogo.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, defendeu na sexta-feira que setores poderosos dos Estados Unidos estão a fabricar uma "realidade virtual" para roubarem os recursos do seu país, enquanto aumenta a tensão com Washington.
"Não é possível que, tanto quanto sabemos, setores poderosos dos Estados Unidos possam fabricar uma realidade virtual e impor um modelo de dominação colonial e esclavagista à Venezuela de Bolívar para roubar os seus recursos naturais", destacou Maduro numa cerimónia de entrega de projetos comunitários financiados pelo governo, transmitida pela emissora estatal VTV.
O governante venezuelano reiterou que há uma "guerra psicológica" a ser travada contra a Venezuela, alegadamente para perturbar a paz do país, acusação que tem feito repetidamente desde o início do envio de tropas norte-americanas para a região em agosto e que o seu Governo considera uma ameaça à "mudança de regime".
Em 17 de dezembro, Trump afirmou que a Venezuela se tinha apropriado dos direitos de exploração de petróleo das empresas norte-americanas e disse que os queria de volta.
Em resposta, Caracas insistiu que os seus recursos pertenciam-lhe e Maduro reiterou na sexta-feira o seu apelo ao diálogo.
Desde o início do destacamento aéreo e naval nas Caraíbas, Maduro tem solicitado o diálogo com Trump em diversas ocasiões.
No final de setembro, o Governo divulgou uma carta enviada pelo Presidente ao seu homólogo norte-americano, convidando-o para negociações e rejeitando as acusações de tráfico de droga feitas por Washington.
Em 3 de dezembro, o presidente venezuelano também relatou uma conversa telefónica com Trump, embora não tenha revelado detalhes da mesma, que descreveu como cordial e conduzida num "tom respeitoso".
Nessa altura, já tinham passado cerca de dez dias desde a conversa, segundo o Presidente venezuelano.
Oficialmente, o objetivo da estratégia do Governo dos EUA em relação à Venezuela, com o destacamento militar, é conter o narcotráfico e recuperar os "direitos petrolíferos" das empresas norte-americanas, mas não menciona abertamente a deposição de Maduro.
A Venezuela rejeita as acusações de tráfico de droga e denunciou ainda como pirataria a apreensão nos últimos dias, pelos Estados Unidos, de dois navios carregados com petróleo bruto, após o anúncio, na semana passada, de um bloqueio aos petroleiros sancionados que entram e saem do país das Caraíbas.